Julieta

Humor e irreverência nordestina em “Julieta” de Sandro Becker

“Julieta”, de Sandro Becker, se destaca pelo uso criativo do humor e do duplo sentido para retratar situações cotidianas do Nordeste. O artista mistura trocadilhos e pequenas histórias absurdas, brincando com a lógica e a linguagem popular. Um exemplo marcante é a frase “Maria preta escreveu na tabuleta, quem tiver dinheiro come, quem não tem toca pandeiro”, que sugere de forma bem-humorada a diferença entre quem pode pagar e quem precisa improvisar, usando a música como metáfora para adaptação e criatividade.

A estrutura da música é composta por versos soltos, cada um trazendo uma anedota ou piada, como “Eu vinha no caminho e encontrei um urubu / Pisei no rabo dele ele mandou tomar cuidado” e “Eu conheço uma menina que se chama Julieta / Ela tem o dedo fino de tanto tocar piano”. Essas passagens reforçam o tom leve e descontraído, com situações inusitadas e personagens caricatos. O refrão repetitivo “Julieta-tá, tá me chamando” funciona como um elo entre as histórias, criando uma atmosfera de festa e espontaneidade típica do forró tradicional.

Além disso, a música utiliza expressões regionais e brincadeiras com duplos sentidos, como em “Eu tenho uma prima que se chama Marilú / Ela tem as perna aberta de tanto tomar café”, que pode ser entendida tanto literalmente quanto como uma piada, característica marcante do repertório de Sandro Becker. No geral, “Julieta” celebra a irreverência, a criatividade e o bom humor do povo nordestino, transformando situações simples em momentos de diversão e riso.