Eu Não Vou Chorar

Resistência e orgulho em "Eu Não Vou Chorar" de Sandro G

"Eu Não Vou Chorar", de Sandro G, retrata de forma direta a realidade de quem cresce em Rabo de Peixe, uma vila marcada por estigma social, pobreza e criminalidade. Sandro G transforma sua experiência de exclusão em resistência e orgulho, desafiando o preconceito ao afirmar: “eu sou de Rabo de Peixe, mas não tenhas medo”. Ele mostra que, apesar das dificuldades, existe força e identidade em sua origem.

A letra mistura relatos pessoais, como o alcoolismo (“o garrafão dá-me sede, eu sou um grande bêbado”), passagem pela prisão e ausência de educação formal, com críticas sociais ao governo e à polícia, sugerindo corrupção e repressão (“O governo e a polícia vem aqui marar a minha Blica”). O refrão “Eu não vou chorar / Esta vida não era para mim” expressa a recusa em se vitimizar, mesmo diante de uma vida difícil. O apoio da mãe, citado em “quanto eu tava na cadeia, távas lá pr'a mim”, destaca a importância dos laços familiares. Sandro G também se coloca como porta-voz dos jovens e crianças de Rabo de Peixe, que enfrentam fome, violência e falta de oportunidades (“Eu sou a boca das crianças, dos pequenos de Rabo de Peixe / Aqueles que não têm nada, todo o dia levando lenha”).

A música vai além do relato individual e se torna um manifesto de resiliência coletiva, dando voz a quem normalmente é silenciado. A versão acústica apresentada na série "Rabo de Peixe" em 2023 reforçou o tom melancólico e a profundidade emocional da canção, destacando a luta e a esperança mesmo diante da adversidade.