Ciranda da Bailarina

A crítica à perfeição em “Ciranda da Bailarina” de Sandy

“Ciranda da Bailarina”, interpretada por Sandy, utiliza uma abordagem irônica para questionar a ideia de perfeição, especialmente quando associada a figuras idealizadas como a bailarina. A letra enumera defeitos e situações comuns, como “pereba”, “piolho”, “remela” e até “problema na família”, sempre afirmando que “só a bailarina que não tem”. Essa repetição brinca com a fantasia de que existe alguém imune às imperfeições, destacando como a sociedade costuma projetar padrões inalcançáveis em certas pessoas ou profissões.

O tom leve e divertido da música, reforçado pelo coro infantil na versão original, cria um contraste entre a inocência da infância e a ironia presente na letra. O contexto histórico também é relevante: durante a ditadura militar, a palavra “pentelho” foi censurada, mostrando como até as imperfeições mais íntimas eram consideradas tabu, enquanto a canção as aborda com naturalidade e humor. No final, a frase “procurando bem, todo mundo tem” reforça a mensagem central: ninguém está livre das pequenas falhas, e a busca pela perfeição é uma brincadeira coletiva. Assim, “Ciranda da Bailarina” convida o ouvinte a aceitar suas imperfeições e a questionar os padrões de perfeição impostos pela sociedade.