Piloto Automático

Reflexão sobre rotina e vulnerabilidade em “Piloto Automático”

A música “Piloto Automático”, interpretada por Sandy, aborda de forma direta a sensação de viver no modo automático, um estado de apatia e distanciamento emocional que se intensificou durante o isolamento social da pandemia. Sandy escolheu essa canção para seu EP justamente por enxergar nela um retrato fiel do momento em que muitos se viram obrigados a repensar prioridades e rotinas. A letra traz o conflito entre o desejo de viver de forma mais intensa — “Eu devia sorrir mais, abraçar meus pais, viajar o mundo e socializar” — e a dificuldade real de transformar esse desejo em ação, como mostra o verso “Fácil de falar, difícil fazer”. Essa honestidade sobre a distância entre intenção e prática se conecta com a experiência de quem sentiu a vida paralisada pelas restrições e incertezas do período.

A repetição de frases como “Eu nunca fiz questão de estar aqui” e “Um dia eu vou morrer, um dia eu chego lá” revela uma reflexão sobre o sentido da existência e o medo de passar pela vida sem realmente vivê-la. O trecho “Eu nunca fiz questão de existir, não queria incomodar” expõe uma vulnerabilidade profunda, relacionada à sensação de invisibilidade ou de não pertencimento, sentimentos que se tornaram mais comuns durante o isolamento. Ao mesmo tempo, a frase “Tudo o que vier eu fiz por merecer” traz um tom de aceitação e resignação, reconhecendo que cada experiência é consequência das próprias escolhas. Sandy, ao interpretar a música nesse contexto, reforça a importância de valorizar os pequenos gestos e as conexões humanas, mesmo quando a rotina parece nos anestesiar.