AQL SLV (part. SD9, VND e Tiago Mac)

Vivência periférica e resistência em “AQL SLV (part. SD9, VND e Tiago Mac)”

A música “AQL SLV (part. SD9, VND e Tiago Mac)” de Sant transforma a experiência periférica em um roteiro de cinema, colocando o protagonista negro no centro da própria história e rompendo com o estigma de sempre ser a vítima. Ao citar personagens como Luke Cage, Scarface, Zé Pequeno e João de Santo Cristo, Sant faz paralelos entre a ficção e a realidade das favelas, mostrando como violência, racismo e criminalidade influenciam sonhos e trajetórias. A referência a “Forrest Gump em Bonsucesso, correndo pra não tomar 9 tiros” expõe de forma direta a luta diária pela sobrevivência, enquanto as menções a George Floyd e João Pedro ampliam o debate sobre violência policial para além do Brasil.

A letra é marcada por um tom crítico e de denúncia social, como em “Polícia mata preto, pobre morre cedo”, e questiona a ausência de heróis como Django Livre para proteger os jovens negros das periferias. O verso “Eu que escrevi o roteiro, eu que dirigi o filme” destaca a busca por autonomia e resistência, rejeitando o papel de vítima. O refrão “Fique rico ou morra tentando continuar vivo” resume o dilema entre buscar ascensão social e sobreviver à violência cotidiana. Ao longo da faixa, Sant e seus parceiros expõem as contradições do sistema, a pressão para entrar no crime e a luta por dignidade, celebrando a força e criatividade dos “novos bandidos” que tentam transformar sua realidade e reescrever seu destino.