DHC

Crítica social e identidade suburbana em “DHC” de Sant

Em “DHC”, Sant utiliza imagens marcantes para abordar a relação com o território suburbano do Rio de Janeiro e denunciar a gentrificação da Zona Norte. Ao dizer “linhas de trem cabem na minha palma”, ele transmite intimidade e domínio sobre o espaço, enquanto o verso “ZN cada vez mais chique / Burguesia faz turismo e ainda grava clipe” critica a transformação de áreas periféricas em pontos de interesse para a elite, que muitas vezes esvazia o significado cultural original. Sant reforça essa crítica ao ironizar: “Já que a revolução é cult / Será que a gente muda o público alvo das grifes?”, questionando a apropriação de símbolos da periferia por marcas de luxo e a superficialidade dessa valorização.

O refrão, repetido ao longo da música, destaca o sentimento de pertencimento e resiliência diante da violência cotidiana: “Mais uma noite na avenida suburbana / Acordando ao sons de tiro / Intacto”. Sant contrapõe a dureza da vida no subúrbio ao orgulho de suas origens, tema central do álbum “Convicto”. Ao mencionar “um novo brinde à vida / Tipo segunda chance, O Alto da Compadecida”, ele faz referência à obra clássica brasileira para falar de esperança e sobrevivência. O trecho “Peso de morrer estrela e nem saber qual brilho faz” reflete as incertezas da fama, enquanto “Feridas separam bandidos de band-AIDS” diferencia quem realmente sofre das dificuldades e quem apenas disfarça os problemas. O título “DHC” permanece aberto a interpretações, reforçando a proposta de Sant de valorizar a identidade e a complexidade da vida suburbana.