É o Rap

Identidade e autenticidade no rap em “É o Rap” de Sant

Em “É o Rap”, Sant faz uma crítica direta à superficialidade e à apropriação do rap por quem não vive sua essência. Ao repetir “Muitos dizem, mas num são! / Muitos são, mas num diz!”, ele expõe o incômodo com pessoas que adotam a estética ou o discurso do rap sem realmente entender ou respeitar sua origem. Para Sant, o rap é mais do que moda ou performance: é identidade, vivência e compromisso com a verdade das ruas. O lançamento da música pelo selo #VVAR, criado para resgatar a autenticidade do rap nacional, reforça esse posicionamento e mostra o alinhamento de Sant com a valorização das raízes e da honestidade artística.

Sant também faz questão de citar grandes nomes do rap brasileiro, como Sabotage, Mano Brown, Black Alien, Gabriel o Pensador, D2, Marechal e GOG. Ao dizer “Nunca será Sabotage nem Brown...”, ele demonstra respeito por esses ícones, mas deixa claro que não busca imitá-los. Sant se coloca como parte de uma nova geração que reconhece a história, mas constrói seu próprio caminho, sempre “cultivando a raiz”. A frase “Traficamos o que amamos” traz um duplo sentido: fala tanto sobre espalhar a arte e a cultura nas periferias quanto sobre a realidade social do subúrbio carioca, tema frequente em sua obra. Ao afirmar “Eu digo! Eu sou!”, Sant reivindica a legitimidade de quem realmente vive o rap, diferenciando-se dos que buscam apenas fama. O orgulho das origens e a recusa em se vender por aplausos ou status mostram uma postura autêntica, que valoriza a coletividade e a família do rap acima do individualismo.