Leões

Resistência e identidade periférica em "Leões" de Sant

A música "Leões", de Sant, utiliza a imagem do leão para simbolizar força, liderança e resiliência diante das dificuldades enfrentadas na periferia. O verso “Além do mais, eu sou demais pro seu quintal / Sempre fui, só que agora você reconheceu” destaca o orgulho e a autoconfiança de quem sempre teve valor, mas só recentemente passou a ser reconhecido. O termo "leões" vai além da referência ao animal, representando a capacidade de sobreviver e prosperar em ambientes hostis, como as periferias brasileiras.

A participação de Kayuá reforça essa ideia ao retratar o cotidiano difícil e a necessidade de manter uma postura firme: “E o tempo não para, tipo taxista pra nós... Postura rude, quando o rei ruge o resto da savana cala”. Aqui, a selva é uma metáfora para o ambiente urbano, onde apenas os mais fortes impõem respeito. A letra também aborda questões de identidade racial e social, como em “Cê sabe minha cor / Caçador por diversão ou mero instinto”, mostrando que a luta por reconhecimento está ligada à cor e à origem. O trecho “Leões da norte, sua emoção é jantar pro nosso deleito” sugere que as dificuldades emocionais dos outros são superadas com frieza, uma defesa necessária para quem vive sob constante pressão.

A música ainda revela a dualidade entre força e vulnerabilidade, especialmente quando Sant diz: “Luto contra minha auto-pressão / Pois quanta frustração cabe num coração, hein?”. Apesar da postura de leão, há batalhas internas e cicatrizes emocionais. O orgulho de ser "leão" é uma resposta à marginalização e à busca por respeito, como em “Minhas crenças trouxe divinas bênçãos em mim / Merecedores viverão e deixa vim”. "Leões" se consolida como um hino de resistência, identidade e superação, exaltando a dignidade e a luta diária dos artistas e de quem compartilha essa realidade.