Ponto de Força (part. Onni, Angola, Guizo)

Resistência e ancestralidade em "Ponto de Força (part. Onni, Angola, Guizo)"

Em "Ponto de Força (part. Onni, Angola, Guizo)", Sant constrói uma reflexão direta sobre as restrições impostas à população periférica, especialmente aos negros. A imagem do "Pitbull andando com focinheira" ilustra como, mesmo quando há aparência de liberdade, persistem controles e limitações sociais. Essa metáfora reforça a crítica à vigilância constante e à falta de oportunidades, temas centrais para quem vive à margem. Logo no início, a repetição de "Estou firme, não me filme" destaca a resistência silenciosa e a recusa em ser visto apenas como exemplo de sofrimento ou superação para o olhar externo.

A letra traz referências a figuras como John Coltrane e Fela Kuti, mostrando a influência da cultura negra e sua importância como fonte de força e inspiração. O refrão, ao dizer "O olho também fala, quando fala dá pra ver / Não compare a ninguém, nem deixe comparar você", incentiva a autenticidade e denuncia o racismo estrutural, valorizando a individualidade. O verso "Favela é uma fábrica de hinos, nosso drama: Matéria prima" transforma a dor em potência criativa, mostrando como a arte nasce das dificuldades e da esperança de mudança.

A música também aborda o apoio mútuo e a esperança diante do pessimismo causado pela violência policial e pelo racismo, como em "É difícil não se ver tão pessimista / Com tratamento diferente na revista". O pedido por "consciência limpa e dinheiro pra fiança" revela a realidade de quem enfrenta a criminalização constante. Ao mencionar ancestralidade e espiritualidade, Sant sugere que a força para resistir vem das raízes profundas da cultura negra. "Ponto de Força" se destaca como um manifesto de resistência, autenticidade e fé na transformação coletiva, sem ignorar as dores e contradições do presente.