Rimanessencia

Laços e resistência em "Rimanessencia" de Sant

"Rimanessencia", de Sant, destaca-se por transformar dor e saudade em força para a resiliência, especialmente ao abordar a ausência de um irmão encarcerado. O verso “O que grades separam, laços aproximam” resume a ideia central: mesmo com a separação física imposta pelo sistema prisional, os vínculos afetivos e a solidariedade da comunidade se fortalecem. Inserida no contexto da série "Rimanessência", que valoriza a palavra falada e a profundidade poética do rap, a música funciona como um manifesto sobre a importância da expressão artística e da resistência, principalmente para quem vive à margem da sociedade.

Sant utiliza imagens do cotidiano e metáforas diretas para refletir sobre a dureza da vida urbana e a busca por sentido em meio à adversidade. No trecho “Vim pra provar que na cela só tá o corpo / Janela, o Sol tá no peito”, ele sugere que a verdadeira liberdade é interna, mostrando que criatividade e esperança resistem mesmo em ambientes opressores. A vulnerabilidade aparece em versos como “Tô fedendo a maconha, cigarro e café / Brincando com a fé / Sem pé nem cabeça”, revelando o uso de vícios como escape diante da pressão. A canção também traz questionamentos existenciais, como em “Alguém no mundo encontra razão numa emoção?”, e termina com um chamado à coragem: “Sei que o medo te limita / Mas coragem, vai, caminha! / Procure sua paz interna / Essa foi a última linha”. Assim, "Rimanessencia" se firma como um retrato honesto da luta diária, da importância dos laços afetivos e da palavra como instrumento de sobrevivência e transformação.