Hate

Radicalidade e crítica ao ódio em “Hate” do Sarcófago

A música “Hate”, do Sarcófago, se destaca pela forma extrema com que o narrador expressa rejeição a praticamente tudo: ele cita a si mesmo, amigos, inimigos, grupos sociais variados, sentimentos e comportamentos. Essa lista exagerada não é gratuita; ela serve como uma crítica à intolerância e ao ódio indiscriminado, evidenciando o absurdo de odiar tudo e todos. O verso final, “I hate to hate” (Eu odeio odiar), expõe uma contradição central: o próprio ato de odiar se torna alvo do ódio, sugerindo um ciclo autodestrutivo e sem sentido, o que convida o ouvinte a refletir sobre a irracionalidade desse sentimento.

O contexto do álbum “Hate” reforça essa postura provocativa. O uso de bateria eletrônica, defendido por Wagner Lamounier como resposta à artificialidade já presente no metal extremo, e o corte de cabelo dos integrantes como protesto contra o grunge, mostram uma atitude de confronto e rejeição a tendências e convenções. Assim, a letra funciona também como um manifesto contra padrões impostos, tanto sociais quanto musicais, e provoca o ouvinte a questionar a lógica do ódio absoluto. O tom agressivo e a simplicidade da letra estão alinhados com a proposta do álbum: ser direto, cru e incômodo, reafirmando o Sarcófago como uma banda de ruptura e contestação.