Adiós

“Adiós”: adeus não cumprido e novo rumo de Sebastián Yatra

“Adiós” encena um adeus que não se cumpre: a separação é dita, mas não encerrada. A canção espelha o período em que Sebastián Yatra precisou se despedir de pessoas e sonhos para recomeçar. Com Pablo López, ele compôs de forma espontânea uma balada que sustenta dor e esperança ao mesmo tempo. A letra opõe o impulso de partir ao desejo de ficar, como em “Me debo ir / no me quiero ir / me tengo que ir / no quiero partir” (eu devo ir / não quero ir / tenho que ir / não quero partir).

O pedido mútuo de perdão atravessa a narrativa, e o verso “y aunque dijimos adiós / nunca dijimos adiós” (e embora tenhamos dito adeus / nunca dissemos adeus) expõe um fim que não se aceita. Já “estoy seguro que dos / no sobreviven con solo un corazón” (estou certo de que dois / não sobrevivem com só um coração) admite duas leituras: o descompasso do amor ou a noção de que a relação exige dois inteiros. “Tanta luz que apagó” (tanta luz que se apagou) dialoga com o ano difícil que ele relatou e com o brilho da relação que se perdeu, enquanto “la gente… no pares” (as pessoas... não pare) soa como o empurrão do mundo — ou da própria cabeça — para continuar. Quando ele diz “tengo que soñar, tú tienes que soñar” (tenho que sonhar, você tem que sonhar), entra o fio de esperança que o videoclipe sublinha: a casa abandonada na Geórgia espelha a solidão, e a natureza e o branco abrem espaço para o recomeço. O gesto final “Gracias Pablo” (obrigado, Pablo) e a virada para um registro mais introspectivo na carreira fecham esse retrato de despedida que dói, mas move.