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Cenário do Pajeú

Sebastião Dias

LetraSignificado

    Originário das lendas
    O rio rasga o sertão
    Abrindo lagos e fendas
    No corpo bruto do chão
    Com águas turvas e claras
    Sombreadas por taquaras
    Jaramataia e bambu
    E as panorâmicas paisagens
    Ondulam de verde as margens
    Do Vale do Pajeú

    Quantos corpos flutuantes
    Descem no dorso lendário
    Entre espumas borbulhantes
    O real e o imaginário
    Se confundem nos remansos
    Nos faz em lentos balanços
    Sobe e desce o corpo nu
    De uma criança sem mágoas
    Bela e pura como as águas
    Do leito do Pajeú

    Quando o rio está de nado
    Um caboclo da mão grossa
    Quer passar pra o outro lado
    Onde butou uma roça
    Amarra em cipós de salsa
    Uma pequenina balsa
    De rolos de mulungu
    E assim que o dia começa
    Rema a balsa e atravessa
    As águas do Pajeú

    Vez em quando da colina
    desce alegre a camponesa
    Que na água cristalina
    vem expor sua beleza
    Desnuda o corpo trigueiro
    da roupa que solta o cheiro
    De carimã e beiju
    E aonde o banho ela toma
    Deixa o gostinho de goma
    Nas águas do Pajeú

    No verão os ceramistas
    Trabalham todos os dias
    São verdadeiros artistas
    Dos lastros das olarias
    Ali o barro amassado
    É nas formas transformado
    Em telha ou tijolo cru
    E as chaminés das caieiras
    Fumegam noites inteiras
    Por cima do Pajeú

    Um carvoeiro suado
    Com tígina até no pescoço
    De tarde esconde o machado
    E vai se banhar num poço
    As suas mão estouradas
    E pernas encalombadas
    De ferrão do capuchu
    Mas o seu cansaço estranho
    Termina depois de um banho
    Nas águas do Pajeú

    Escondidas nas juremas
    aguardando o sol se pôr
    Juritis e Seriemas
    Gorjeiam notas de dor
    Na vegetação rasteira
    Lá no fim da capoeira
    A corneta de um inhambu
    Sonoriza a melodia
    Da ultima canção do dia
    Das matas do Pajeú

    Grande aorta sertaneja
    De cavidades enormes
    As chuvas que os céus despejam
    Causam cheias desconformes
    O São Francisco gigante
    Lhe atalha mais adiante
    Só ele quebra o tabu
    Do mistério da grandeza
    Da força da correnteza
    Da cheia do Pajeú

    Nesse canteiro de flores
    Que a natureza constrói
    Seus gênios são cantadores
    O vaqueiro é o seu herói
    Sua memória completa
    Com certeza algum poeta
    Guardou no fim de um baú
    Um livro com a história
    A vida e a trajetória
    Do povo do Pajeú

    Composição: SEBASTIÃO DIAS. Essa informação está errada? Nos avise.
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