Lua Soberana

Conexão afro-brasileira e ancestralidade em “Lua Soberana”

“Lua Soberana”, de Sérgio Mendes, destaca a forte ligação entre a ancestralidade africana e a espiritualidade afro-brasileira. A referência à “Lua soberana” que “veio de Madagascar” e paira “sobre as águas de Iemanjá” simboliza a presença protetora e misteriosa da lua, associada ao poder feminino e à influência dos orixás. O uso de expressões como “ylê, ylê, ylá” e a menção direta a Iemanjá reforçam a importância das tradições dos terreiros e das comunidades que cultuam orixás, especialmente em Salvador, cidade marcada pela cultura africana.

A letra também valoriza a herança cultural baiana ao citar elementos como o afoxé, Olodum e a “Ilha das marés”, evocando festas populares, ritmos afro-brasileiros e a conexão com o mar. O trecho em que o pescador “arrasta” a lua para Salvador pode ser entendido como uma metáfora para a transmissão de saberes e tradições, trazendo a força e a beleza da cultura africana para o Brasil. Dessa forma, “Lua Soberana” funciona como um tributo à resistência, à espiritualidade e à celebração da identidade negra, transmitindo respeito à natureza e às raízes culturais do país.