Ching Chime

Crítica à mercantilização na música “Ching Chime” de Serj Tankian

Em “Ching Chime”, Serj Tankian utiliza o som de uma caixa registradora – o próprio “ching chime” – como símbolo da mercantilização da arte e da vida cotidiana. A música expõe, de forma irônica, como a criatividade e a expressão artística só são valorizadas quando geram lucro. Isso fica claro no verso “no one pays a dime to remunerate a rhyme” (ninguém paga um centavo para remunerar uma rima), mostrando o desinteresse pelo valor artístico em si. O uso do oud, instrumento tradicional do Oriente Médio, reforça o contraste entre a riqueza cultural das tradições e a superficialidade comercial do presente, criando uma atmosfera que mistura crítica social e sarcasmo.

A letra apresenta imagens aparentemente desconexas, mas todas apontam para a banalização de experiências importantes. Quando Tankian diz “Superbowl, halftime, anytime is wartime” (“Super Bowl, intervalo, qualquer hora é tempo de guerra”), ele ironiza como grandes eventos se tornam apenas mais um produto, enquanto a violência é normalizada e transformada em entretenimento. A frase “creating a crime just armed with melodyne” (“criando um crime apenas armado com Melodyne”) brinca com a ideia de que até a manipulação digital da música é vista como crime em um cenário onde a autenticidade perdeu valor. O refrão repetitivo do “ching chime” reforça a ideia de que tudo gira em torno do dinheiro, e que qualquer tentativa de profundidade é engolida pelo tilintar da caixa registradora. No final, Tankian provoca com “I'll fuck your mind over the spring time” (“Vou bagunçar sua mente durante a primavera”), deixando claro que seu objetivo é chocar, questionar e incomodar diante da mediocridade transformada em espetáculo.