Maçonaria (part. AçúK e Danike)

Ironia e crítica social em “Maçonaria” de Shark47

Em “Maçonaria (part. AçúK e Danike)”, Shark47 utiliza o título para criar um clima de exclusividade e mistério, fazendo referência à sociedade secreta como metáfora para um grupo seleto e unido. A menção à "tropa do Matuto" reforça essa ideia de identidade de grupo e lealdade, inserida em um contexto urbano e marginal. O artista também se posiciona de forma crítica e independente ao se distanciar de figuras políticas como Bolsonaro, mostrando que não se alinha a discursos tradicionais.

A letra mistura humor ácido e sarcasmo ao abordar temas como violência, ostentação e vida à margem da lei. Armas como "Glock" e "AR" aparecem como símbolos de poder, mas também são usadas em jogos de palavras, como em “meu pente é goiabada e minha Glock chamam de queijo”, que faz referência ao doce "Romeu e Julieta" e sugere tragédias amorosas. O uso de criptomoedas, como em “comprei 5 bitcoin porque caiu a cotação”, traz um tom irônico sobre riqueza e instabilidade financeira. Frases como “fumava maconha na aula, tirava 10 em redação” e “tirei 0 em matemática só sei contar dinheiro” criticam o sistema educacional e a busca por dinheiro fácil, sempre com deboche.

A música é marcada por metáforas urbanas e referências culturais, abordando armas, drogas e relações sexuais de forma provocativa e autodepreciativa. O tom de perigo e transgressão é equilibrado pelo humor, como em “minha Glock não é vadia, mas acaba com teu saldo bancário” e “meus cria tão na esquina igual encruzilhada”. No final, a sensação de paranoia e exposição aparece em “vazaram minha imagem na Band falando que era estelionato”, conectando o rap à realidade de jovens das periferias.