Neblina

A invisibilidade e resistência em "Neblina" de Shawlin

"Neblina", de Shawlin, aborda a realidade dos usuários de maconha nas periferias urbanas, destacando a repressão policial e a criminalização do uso da droga. A "neblina" funciona como uma metáfora dupla: representa tanto a fumaça da maconha quanto a necessidade de desaparecer para evitar a perseguição policial, como no verso “nem me viu já sumi na neblina”. O refrão reforça essa ideia de evasão e sobrevivência, mostrando que, para muitos, o consumo está longe de ser apenas lazer, tornando-se motivo constante de preocupação e risco.

Shawlin defende abertamente a legalização da maconha e denuncia a hipocrisia do sistema, que trata usuários como criminosos mesmo sem causarem dano a terceiros: “deixa em paz, eu coá minha maconha, vo fuma fica tranqüilo fica enchendo meu saco por causa disso não, to fazendo mal a ninguém”. A letra retrata a rotina de abordagens policiais e revistas abusivas, evidenciada em “Faz outro homem apalpar minha virilha” e “Faz certo vira errado nem menos deixam você questiona”. O artista também destaca o ciclo de marginalização, onde a falta de oportunidades empurra jovens para o crime, agravado pela repressão policial: “Já vi trabalhador vira chefe de quadrilha / Uma ponta vira um quilo e um galo não paga propina”. O tom direto e de desabafo revela a indignação de Shawlin diante de um sistema opressor, tornando a "neblina" símbolo da invisibilidade e resistência de quem vive à margem.