My Way

Sid Vicious desafia padrões e provoca em “My Way”

Sid Vicious transforma “My Way” em uma afronta punk, subvertendo o tom solene e autocelebratório da versão de Frank Sinatra. Logo nos primeiros versos, o uso de palavrões e provocações como “You cunt, I'm not a queer” (Seu desgraçado, não sou viado) escancara a rejeição das normas sociais e morais, marca registrada do movimento punk. Essa escolha de palavras, além de ser propositalmente ofensiva, ridiculariza a seriedade da canção original e deixa claro que Vicious não pretende seguir convenções ou agradar expectativas.

A letra, carregada de ironia e humor negro, revela uma visão de mundo cínica e autodestrutiva, como em “I shot it up or kicked it out” (Eu injetei ou chutei pra fora), referência direta ao uso de drogas e à recusa de lidar com problemas de forma tradicional. O trecho “I killed a cat / And may I say, not in a gay way” (Matei um gato / E posso dizer, não de um jeito gay) desafia tabus e provoca o público, enquanto o verso final “The record shows, I fucked a bloke / And did it my way” (O disco mostra, transei com um cara / E fiz do meu jeito) mistura confissão, deboche e desafio, questionando padrões de masculinidade e sexualidade. A performance de Vicious, especialmente no filme “The Great Rock 'n' Roll Swindle”, reforça essa postura rebelde ao extremo, simbolizando o desprezo punk pela sociedade ao atirar contra a plateia.

No fundo, a versão de Sid Vicious não fala de orgulho pessoal, mas de escárnio, desesperança e recusa em se encaixar. Como Leonard Cohen observou, enquanto Sinatra exalta sua trajetória com dignidade, Vicious faz piada de si mesmo e do mundo, expondo o vazio da autopromoção e a hipocrisia social. O resultado é uma música que, ao mesmo tempo em que diverte e choca, se torna um símbolo de autenticidade crua e provocação na cultura pop.