Vidro

Distanciamento e vulnerabilidade em "Vidro" de Sidoka

Em "Vidro", Sidoka utiliza a imagem do vidro para transmitir sensações de transparência, fragilidade e, principalmente, distanciamento. A repetição da palavra reforça a ideia de uma barreira invisível: é possível enxergar o outro, mas não há contato real. Esse afastamento aparece no refrão, quando ele diz: "Me esquivo de você", e também nas descrições de um céu bonito, porém nublado e chuvoso, que misturam beleza e melancolia para expressar um estado emocional ambíguo.

A letra equilibra ostentação e vulnerabilidade, trazendo referências a marcas de luxo como "kit da Prada" e "Vlone", além de elementos da vida de rua e relacionamentos intensos, marcados por desejo e desconfiança. No verso "No topo dele tem meu pixo / No topo dele tem meu vício", Sidoka mostra orgulho das conquistas, mas também reconhece seus próprios excessos. O jogo de imagens, como "lente roxa" e "tirei sua roupa toda, moça", cria um clima sensual, mas sempre com uma certa distância emocional, como se o vidro servisse de proteção para não se envolver demais. A música reflete o cotidiano de quem cresceu na periferia, enfrentando desafios, cobranças e a necessidade constante de se proteger, enquanto busca prazer e reconhecimento.