Já Era

Espiritualidade e cotidiano em “Já Era” de Silva

O verso “Eu tropecei na pedra do encantado” tem origem em uma experiência real do letrista Lucas Silva, que tropeçou em uma pedra ligada à energia de Exu, figura importante no candomblé. Essa referência, mesmo sutil, conecta a música a uma dimensão espiritual, mostrando como situações do dia a dia podem ser influenciadas por forças e mistérios que vão além do que se vê. Silva opta por tratar esse tema de forma delicada, demonstrando respeito às tradições religiosas e reforçando o clima de reverência e encantamento da canção.

A letra de “Já Era” aborda o desejo de entender o outro e de se aproximar do sagrado ou do desconhecido, como nos versos “Eu sempre quis saber / Saber o que tem lá / Um pouco de você”. Elementos como “dendê” e “cana de adoçar” aparecem como oferendas simbólicas, remetendo aos rituais do candomblé, mas também expressam cuidado e afeto em uma relação íntima. O refrão, ao dizer “Já era / Eu entendi / Você falou tá falado”, transmite aceitação e entrega diante de algo maior, reconhecendo que certos acontecimentos têm um significado profundo, além do acaso. Assim, a música equilibra o cotidiano e o espiritual, convidando à reflexão sobre encontros, aprendizados e os mistérios presentes na vida.