Samba do Corinthians

Carnaval, arquibancada e orgulho em “Samba do Corinthians”

Interpretada por um carioca torcedor do Fluminense, a marchinha acerta o humor de arquibancada corintiano — ironia biográfica que reforça o clima carnavalesco de “Samba do Corinthians”, lançada em 1971 e composta por Manoel Ferreira e Gentil Júnior. A voz de Silvio Santos transformou o ritual do domingo em refrão popular entre a Fiel. A narrativa é direta: espera-se “um domingo de Sol”, a manhã é de lazer na piscina e a tarde fica reservada para ver o Corinthians “ensinar essa gente a jogar futebol”. A letra celebra a expectativa pelo jogo, o orgulho da camisa alvinegra e o rito do fim de semana, com senso de pertencimento e euforia em versos como “Dá gosto torcer pro Corinthians” e “É meio Brasil empunhando a bandeira alvinegra do seu coração”. O histórico do intérprete — que também gravou “Transplante de Corintiano” — ajuda a explicar por que a marchinha se espalhou entre corintianos: é a versatilidade de Silvio conectando públicos em clima de festa.

O humor surge de hipérboles e provocações típicas do futebol. “É meio Brasil” exalta o tamanho da torcida; “nasceu com o destino de ser campeão” dramatiza a fé no time; e “quando ele perde é porque, francamente, o juiz foi ladrão” soa como gozação de arquibancada, não acusação literal. Há malícia leve em “pescar moreninhas com olhos de anzol”: “pescar” sugere paquera de verão, enquanto “olhos de anzol” indica um olhar que fisga. “Ensinar essa gente a jogar futebol” funciona como cutucada aos rivais. Com refrão repetido e fechamento em “Viva o Corinthians!”, a canção assume sua parcialidade — “É minha opinião” — e captura o charme do torcedor apaixonado em pleno domingo de sol.