Gosto Que Me Enrosco

Humor e ironia sobre papéis de gênero em “Gosto Que Me Enrosco”

“Gosto Que Me Enrosco”, de Sinhô, aborda de forma bem-humorada a inversão dos papéis tradicionais entre homens e mulheres nas relações amorosas. O verso “Gosto que me enrosco de ouvir dizer que a parte mais fraca é a mulher! Mas, o homem com toda a fortaleza desce da nobreza e faz o que ela quer” ironiza a ideia de que o homem seria sempre o dominante, mostrando que, na prática, ele frequentemente cede aos desejos femininos. A letra brinca com o senso comum e desafia os estereótipos de gênero, sugerindo que o verdadeiro poder de influência muitas vezes está com as mulheres, mesmo que a sociedade da época insistisse no contrário.

Composta em 1928, a música também reflete mudanças sociais daquele período, especialmente em relação ao comportamento feminino. A expressão “gosto que me enrosco”, já conhecida, ganhou popularidade com a canção, passando a transmitir um tom de malícia e prazer em se envolver nas situações complicadas do amor. A referência às “mulheres de hoje em dia” indica uma maior liberdade e autonomia feminina, tema em debate na época. O compositor reforça a ironia ao afirmar que “o homem não tendo [beijos, abraços e carinhos], é bem capaz de roubar!”, mostrando que, apesar da aparência de força, o homem é vulnerável aos encantos femininos. Assim, Sinhô usa humor e ironia para questionar as ideias tradicionais sobre gênero e expor as ambiguidades do jogo amoroso.