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Vida Pagã

Sir. Valdez

Hey, quem você pensa que é, pra entrar aqui e fazer de mim um pedaço de você?
Nem pede permissão, chega chutando tudo.
Fazendo trilha com o batom, não ligando pras rimas ou pra tons

Guardei seu amor feito nuvem de algodão,
E você o torceu como chuva de verão.
Eu me arrependo de ter deixado tudo em suas mãos

Me sento ao seu lado, meio tonto, o teu brilho é tão cintilante
Peço-te um beijo, mas ainda não é hora.
Você brinca de dizer 'adeus'
De quem eu seria, se não fosse teu?

O que você fez comigo? Antes, eu me perdia por entre sonhos jovens.
Hoje, eu busco a essência de coisas menores.
Faço uma música para cada defeito seu, sempre em tons maiores.
E a gente fala sobre futuro, o quão incerto poderia ser, quem, de nós, vai ficar vivo pra ver?

Meus olhos se fecharam ao som da orquestra que tua voz guiava,
Ordeno que o mundo se cale, pr'eu te ouvir.
Quero dormir na tua noite, e acordar na tua manhã
E fazer graça com essa vida tão pagã.

Você me parecia certa quando me falava sobre o mal do século,
E, agora, travamos um duelo, quem poderia estar certo?
Não sei se ainda temos tempo pra por tudo no lugar,
Que tal tentarmos de outro jeito,
Nos conhecermos melhor, e perdemos o medo?
Não deixemos que a felicidade escorra por entre nossos dedos.

Limpando a sujeira que você deixou, olha só o que eu encontrei:
Um pedaço trincado da tua insensatez.
Logo você que dizia gostar tanto de mim,
Não acredito que tenha sido tão pouco assim.

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