Forget It

“Forget It” e a despedida madura, sem rancor e honestidade

“Forget It” transforma o fim de um relacionamento em um acerto de contas sereno. No refrão, “But thanks for your time / Then you can thank me for mine” (Mas obrigado pelo seu tempo / Depois você pode me agradecer pelo meu) indica uma despedida justa, em que a cortesia substitui o drama. O comando “Forget it” (Esqueça) funciona como ponto final: não é desdém, é limite saudável para que cada um siga seu caminho sem arrastar a conversa.

A letra recusa a caça a culpados e a teatralidade: “Don't be inane / There's no one to blame” (Não seja tolo / Não há ninguém a culpar) e “Don't say anymore / Just walk out the door” (Não diga mais nada / Só saia pela porta) defendem uma saída limpa, sem justificativas que virem desculpas. Há realismo também em “If there was a word / But magic's absurd / I'd make one dream come true” (Se existisse uma palavra / Mas acreditar em magia é absurdo / Eu realizaria um sonho): existe o desejo de consertar, mas sem apelar à fantasia. Por fim, “It didn't work out / But don't ever doubt / How I felt about you” (Não deu certo / Mas nunca duvide / Do que eu senti por você) preserva o valor do que houve sem transformar afeto em cobrança — coerente com a postura madura e o lirismo introspectivo de Sixto Rodriguez em Cold Fact. Essa combinação de aceitação mútua e desencanto universal ajuda a explicar por que, embora o artista seja de origem mexicana e não tenha sido inicialmente reconhecido nos Estados Unidos, canções como “Forget It” tocaram ouvintes na África do Sul e na Austrália. O título ainda carrega duplo sentido: convite prático para seguir em frente e gesto de autoproteção, arquivando a dor sem negá-la.