Override

“Override”: Slipknot contra o controle e o comodismo

“Override” funciona como manifesto anti-indústria e retomada criativa do Slipknot. Corey Taylor disse à Kerrang! que a faixa mira bandas que, na ausência do grupo, empurraram o metal para um lugar “comercial e menos criativo”. A letra encena esse confronto: “It’s safer in a cage / They can tell you what to say” (É mais seguro numa jaula / Eles podem dizer o que você deve dizer) aponta o mercado ditando falas, enquanto “All your dreams come with a price / So they own you” (Todos os seus sonhos têm um preço / Então eles se tornam donos de você) expõe o custo da ambição. O refrão — “You don’t know the hell that’s coming… We are the override” (Você não sabe o inferno que está chegando… Nós somos o Override) — é aviso e missão: sobrescrever o padrão estéril, como no termo técnico override, que substitui o comportamento “default”. O comando “everybody get on the ground” (todo mundo no chão) soa como rendição forçada de um cenário acomodado.

As imagens reforçam o cerco e a resistência. “The ghosts… familiar haunts” (Os fantasmas… assombrações de sempre) remetem a manipulações recorrentes e às dúvidas internas. “The dead don’t know, the dead are lonely / A fascination fades” (Os mortos não sabem, os mortos são solitários / A fascinação se apaga) critica modismos já inertes, e “mercy execution” (execução misericordiosa) sela o corte do banal. O ataque fica explícito em “You clawed out from nothing and I sent you back… You are the answer to why we have risen!” (Você saiu do nada à unha e eu te mandei de volta… Você é a resposta para por que nós nos erguemos!), mirando oportunistas e gatekeepers. A tensão emocional alterna raiva disciplinada e desilusão: “Even hate starts out as love” (Até o ódio começa como amor) mostra quando paixão vira comodismo e trai a chama. O fechamento com “Give up” (Desista) não é só humilhação; é ultimato: a resistência está organizada — nós somos o Override.