Desenho-Te (The Coffin of Andy and Leyley)

Relações obsessivas e trauma em “Desenho-Te (The Coffin of Andy and Leyley)”

Em “Desenho-Te (The Coffin of Andy and Leyley)”, Slow GM explora a dinâmica obsessiva e destrutiva entre Andy e Leyley, personagens do jogo que inspira a música. A repetição de “Eu desenho-te” revela o desejo de recriar ou manter viva uma relação marcada por traumas e distorções. O trecho “No reflexo d'água percebi / Que eu me distorci / Te enxerguei em tantas versões de mim” evidencia a confusão de identidade e a fusão entre os personagens, mostrando como o isolamento e o abuso podem levar à perda dos próprios limites e à internalização do outro como parte de si.

A letra aborda temas como culpa, autodestruição e busca por pertencimento, especialmente em versos como “A minha alma já tá podre / E eu não sei não / Se um espírito como meu teria / Salvação”. Essa visão degradada de si mesmo se conecta ao clima sombrio do jogo, onde os protagonistas enfrentam abandono, vergonha e o desejo de controlar o outro. Isso fica claro em “Quero sentir como se fosse seu dono / Ouvir cada gole seu pelo pescoço / Sentir com as mãos o rangir de cada osso”, que mistura desejo de proximidade com violência, remetendo tanto à relação incestuosa quanto aos episódios de assassinato e autodestruição da narrativa original.

Ao incorporar elementos do universo de “The Coffin of Andy and Leyley”, a música provoca reflexão sobre os limites entre amor, obsessão e autodestruição. O refrão “Eu desenho-te” funciona como metáfora para a tentativa de eternizar uma relação doentia, mesmo à custa da própria sanidade, tornando a canção um retrato sombrio das consequências do trauma e da busca desesperada por conexão.