Origami (part. Gson)

Transformação e identidade em "Origami (part. Gson)" de Slow J

Em "Origami (part. Gson)", Slow J utiliza a imagem do origami para representar o processo de transformação pessoal e a busca por identidade diante de conflitos internos e sociais. A metáfora aparece de forma clara em versos como "água no meu corpo, mas não lava", que expressa a sensação de que experiências externas não são suficientes para resolver questões profundas. Já o trecho "dentro eu tenho o mar e tenho o Sahara" mostra a convivência de opostos dentro de si, como abundância e escassez, emoção e aridez.

A música é marcada por uma forte introspecção e pela aceitação das próprias imperfeições. Isso fica evidente em "a única coisa que eu sei sobre ser, é que eu não sou / Eu estou constantemente a tornar-me", onde Slow J assume a transformação contínua como parte essencial da existência, rejeitando certezas fixas. O artista também faz referência à sua infância e à influência musical de Limp Bizkit, mostrando como a arte foi fundamental em sua trajetória de autodescoberta. Além disso, a canção aborda temas sociais, como o racismo, e expressa esperança em um futuro mais igualitário, especialmente no verso "quero ensinar ao meu filho que antigamente a cor da pele dele / era como um dístico / isso já numa terra depois do racismo". A fusão de elementos afro e fado reforça a celebração da herança cultural mista e a ideia de que a história está sempre aberta à reinvenção e ao crescimento coletivo.