Rap do Obanai

“Rap do Obanai”: culpa, disciplina e missão de redenção

“Rap do Obanai”, de Snow Beats, ressignifica a serpente: o símbolo da linhagem corrupta que mutilou Obanai vira marca de disciplina e reparação. Entre culpa herdada e autoexigência, ele transforma a vergonha do “sangue impuro” em missão: punir demônios e a si mesmo, mesmo achando que não merece o amor de Mitsuri. Inspirada em Obanai Iguro, o Hashira da Serpente de Kimetsu no Yaiba, a faixa narra do cárcere ao juramento: a família que “adorava” um Oni, o confinamento na cela e o “rastejando sob a cela” que expõe o terror constante; o altar com a criatura que devora pessoas e recebe “a maioria dos bebês” em sacrifício; a “heterocromia” que o poupa como experimento e o “corte na boca” para parecer com o monstro. O escape é áspero e prático — um grampo na madeira, a corrida pela mansão —, a amizade com Kaburamaru nasce da sobrevivência, e um Hashira o salva, abrindo caminho para sua transformação em “O Hashira da Serpente”.

Daí vem a postura severa: “Vocês são fracos e essa é sua maior doença” e “Eu que treinei os Hashiras pra usar as espadas” o colocam como cobrador e treinador, em sintonia com o arco de treinamento dos Hashira no anime. O refrão “Isso é por todos que a minha família matou” fixa o objetivo: compensar as mortes causadas pelos seus, agir onde enxerga fraqueza e covardia. A culpa e o amor contido — “Meu sangue é impuro / Eu não mereço o seu amor Mitsuri” — mantêm a ferida aberta, revelando uma guerra dupla: externa, contra Onis; interna, contra o legado familiar. Os símbolos operam em dois registros: “linhagem impura” é literal e moral; “prisão” nomeia a cela e o trauma. A serpente, antes ameaça que “rasteja”, volta como guia em Kaburamaru, sinal de ressignificação: estigma vira método, dureza vira propósito.