What a Wonderful World

A dualidade entre beleza e fragilidade em “What a Wonderful World”

Na versão de “What a Wonderful World” interpretada por Soap&Skin, a música ganha uma nova dimensão ao unir a celebração da beleza cotidiana com uma percepção mais profunda da vulnerabilidade humana. A artista adota uma abordagem minimalista e introspectiva, transformando versos como “I see trees of green, red roses too” (“Vejo árvores verdes, rosas vermelhas também”) e “The colors of the rainbow, so pretty in the sky” (“As cores do arco-íris, tão bonitas no céu”) em observações que, mesmo mantendo o otimismo da canção original, carregam uma camada de melancolia e contemplação. O contexto histórico da composição — uma resposta à tensão política e racial dos anos 1960 — permanece relevante, mas aqui é filtrado por uma sensibilidade que reconhece tanto a esperança quanto o desamparo diante da complexidade do mundo.

A letra destaca gestos e cenas simples do dia a dia, como em “I see friends shaking hands, saying: How do you do? / They're really saying: I love you!” (“Vejo amigos apertando as mãos, dizendo: Como vai você? / Eles estão realmente dizendo: Eu te amo!”), sugerindo que a verdadeira beleza está nas conexões humanas e na simplicidade dos afetos. No entanto, a interpretação de Soap&Skin, com sua atmosfera etérea, faz o ouvinte perceber que essa beleza é frágil e passageira, especialmente ao abordar o ciclo da vida em “I hear babies crying, I watch them grow / They'll learn much more, than I'll never know” (“Ouço bebês chorando, vejo-os crescer / Eles aprenderão muito mais do que eu jamais saberei”). Assim, a música se transforma em um convite para valorizar o presente, reconhecendo tanto a maravilha quanto a transitoriedade da existência.