Uma Canção Desesperada
Sociedade dos Poetas Mortos
Essa vontade imensa de nem sei do quê
Pra não caber num canto só
Pra não morrer na ponta aguda de outra língua
Neruda empoeirado sobre um criado mudo em acaju
Me toma a força e então me força a não te recusar
Pra não cair na guilhotina
Dessa rotina de falar pra fora de quem namora
Pra não desfigurar prefiro entorpecer
Na beleza que há em se esquecer de si
Te amo mais que quase tudo
Mais que quase qualquer outra coisa apenas
E tanto faz se nada satisfaz meu ego
Em alguma prosa que possa ate ser dita
Essa vontade intensa de só te querer
Pra não forjar teu riso, a flecha e alvo
Pra não dizer no surto dos clichês
Pra sufocar os verbos
Quente e forte
Num só corte.
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