Above The Neck

Crítica à hipersexualização em "Above The Neck" de SOFIA ISELLA

"Above The Neck", de SOFIA ISELLA, faz uma crítica direta e sarcástica à hipersexualização de meninas e jovens mulheres, especialmente no contexto digital. A letra expõe como a sociedade normaliza a fetichização da juventude feminina, evidenciando a linha tênue entre inocência e sexualidade. Versos como “You’re twelve looking twenty or you’re twenty looking twelve” (“Você tem doze parecendo vinte ou vinte parecendo doze”) e “pigtails and Hello Kitty shorts on to undo” (“maria-chiquinhas e shorts da Hello Kitty para tirar”) ilustram como meninas são pressionadas a adotar uma sexualidade infantilizada para atender expectativas masculinas, tema que a própria artista já destacou em entrevistas.

A repetição de “Sex is everywhere, it’s everything you see / It’s baked into the air / Breathe, baby, breathe it” (“Sexo está em todo lugar, é tudo o que você vê / Está impregnado no ar / Respire, querida, respire isso”) reforça a ideia de que a sexualização está tão presente na cultura que se torna invisível. O tom agressivo e irônico aparece em frases como “They’ve learned that the closer you look like to a kid / The more money you get from a 42-year-old piece of shit” (“Elas aprenderam que quanto mais você parece uma criança / Mais dinheiro você ganha de um babaca de 42 anos”), denunciando tanto o consumo quanto o incentivo desse tipo de conteúdo. O sarcasmo atinge o ápice em “You think your penis is very important / But if something’s dirty after you touch it / The problem is your hands, dipshit / Cut it off” (“Você acha que seu pênis é muito importante / Mas se algo fica sujo depois que você toca / O problema são suas mãos, idiota / Corte fora”).

SOFIA ISELLA utiliza imagens provocativas e referências à performance art para rejeitar a sedução forçada e desafiar padrões tradicionais de feminilidade, como em “I’m not trying to seduce you, fuckface” (“Não estou tentando te seduzir, babaca”). Assim, a música se destaca como um manifesto contra a objetificação, usando sarcasmo e crítica social para provocar desconforto e reflexão sobre o papel da sexualidade na cultura atual.