El que toca nunca baila

A Dança do Músico: Reflexões em 'El que toca nunca baila'

A música 'El que toca nunca baila', interpretada por SOLEDAD, mergulha no universo folclórico e cultural, trazendo à tona a relação entre o músico e a dança. A letra, rica em imagens e metáforas, fala sobre a figura do acordeonista (fuelle) que, embora tenha o desejo de dançar, está preso à sua função de tocar para que outros possam bailar. As 'arrugas' que se estiram podem ser interpretadas como as rugas do acordeão que se estendem à medida que é tocado, mas também podem simbolizar as linhas de expressão do próprio músico, marcadas pelo tempo e pela dedicação à sua arte.

A referência a Don Cayetano Salusi e ao Payo Solá insere a canção em um contexto específico, possivelmente relacionado a figuras conhecidas dentro da tradição musical a que a música pertence. A menção ao 'opa Batata' que sonha em dançar a zamba, mas que ao acordar percebe que é apenas um 'bombo' (instrumento de percussão), reforça a ideia de que há uma separação entre o papel do músico e o do dançarino. A música, portanto, reflete sobre o papel do artista, que muitas vezes se dedica a proporcionar alegria e entretenimento para os outros, enquanto ele próprio permanece à margem da festa.

Através de uma narrativa poética, 'El que toca nunca baila' destaca a melancolia e a resignação do músico que anima a festa, mas não participa dela da mesma forma que os outros. A música é um tributo àqueles que, com sua arte, dão vida às tradições e aos momentos de celebração, mas que, paradoxalmente, não compartilham da mesma euforia que proporcionam.