Quem vai apagar a luz

Reflexão existencial e ironia em “Quem vai apagar a luz”

A música “Quem vai apagar a luz”, de Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo, transforma uma pergunta simples em um questionamento profundo sobre o fim das coisas e o que permanece depois. A repetição de “quem que vai apagar a luz / quando o Sol explodir” traz uma ironia característica da banda, sugerindo tanto o fim literal — o apagar da luz, o fim do mundo — quanto o encerramento simbólico de ciclos pessoais ou coletivos. O tom debochado e experimental, reforçado pela participação de Negro Leo, faz a faixa brincar com a ideia de responsabilidade diante do inevitável, como se perguntasse quem ficará para lidar com as consequências quando tudo acabar.

A letra mistura imagens do cotidiano, intimidade e absurdo, como em “olho pra parede / daquela construção, daquela rua” e “meu corpo, a cama, a cama, seu corpo / o fundo do poço e a poça, o gozo”. Esses versos criam um mosaico de sensações e memórias, aproximando o existencialismo do humor. O trecho “E se um novo animal nascer, de dentro do homem nu / quem vai chamar, família” reflete sobre transformação e continuidade, questionando o que surge após o fim e quem define os novos laços. Ao usar elementos do dia a dia — omeletes, memórias, mentiras —, a música aborda temas universais como o vazio, a mudança e a busca por sentido em meio ao caos.