Giz

Rituais de afeto e cotidiano em "Giz" de Sotam

Em "Giz", Sotam explora a força dos pequenos gestos no cotidiano de um relacionamento. O ato de desenhar o nome da amada com giz na parede do quarto é simples, mas carrega um significado profundo: manter viva a presença dela mesmo quando está ausente. O giz, por ser temporário e fácil de apagar, simboliza a delicadeza e a transitoriedade dos momentos, reforçando a importância de aproveitar cada instante juntos.

A letra mergulha na rotina do casal, mostrando o cuidado do narrador em preparar o ambiente para a parceira. Ele corta o cabelo, compra cerveja (Estela) e organiza um churrasco, buscando agradá-la e criar memórias compartilhadas. Elementos da cultura popular aparecem quando ele menciona as "loures amarelas" compradas na dona Isabela e a "ruda de brinde pra proteger da inveja", demonstrando preocupação com o bem-estar e a proteção do casal. O tom descontraído e afetuoso se mantém ao descrever a parceira – "muito gata, muito esperta, muito brava e fala muito, às vezes quieta" – e ao valorizar detalhes como o esmalte vermelho e as marcas deixadas um no outro, símbolos de intimidade e conexão.

No final, a rotina agitada do narrador, dividida entre trabalho, estúdio e compromissos, contrasta com a constância do sentimento. Mesmo na correria, ele segue pensando nela e se preparando para o próximo encontro. "Giz" se destaca por retratar o amor de forma realista e carinhosa, celebrando tanto os gestos cotidianos quanto a intensidade da paixão, sem idealizações, mas valorizando o que há de mais humano nas relações.