Soldiers

Resistência e identidade africana em "Soldiers" do Steel Pulse

Em "Soldiers", Steel Pulse transforma a música em um poderoso chamado à resistência contra a opressão colonial. O grito repetido "Dutallee!" funciona como um convite à união e à luta, reforçando o papel da canção como hino de protesto. A banda utiliza versos diretos para mostrar o impacto devastador da chegada dos soldados coloniais, como em “One moment at peace with Nature / Now victims of a massacre” (Um momento em paz com a Natureza / Agora vítimas de um massacre). Esse contraste entre o passado harmonioso, descrito como "ire" (positivo ou tranquilo no patois jamaicano), e o presente de sofrimento evidencia a perda de liberdade e dignidade causada pelo colonialismo.

A letra também critica a imposição de líderes autoritários e a destruição das estruturas tradicionais africanas. Nos versos “Give I back I witch doctor / Give I back I Black Ruler / Me no want no dictator / Me no want no tyrant on yah” (Devolva-me meu curandeiro / Devolva-me meu líder negro / Não quero ditador / Não quero tirano aqui), a banda rejeita governantes impostos e valoriza a autonomia cultural. O trecho “Where the backra still rules day after day / The Black Man is suffering now far more / Than when he was a slave” (Onde o branco ainda governa dia após dia / O homem negro sofre agora muito mais / Do que quando era escravo) faz uma crítica ao neocolonialismo, sugerindo que a opressão atual pode ser ainda mais cruel que a escravidão. Ao questionar “Is this what civilization means to me? / Then without it I prefer to be” (É isso que civilização significa para mim? / Então prefiro ficar sem ela), Steel Pulse desafia a ideia de progresso colonial e reforça o desejo de liberdade e autenticidade cultural. Assim, "Soldiers" se destaca como um manifesto contra a opressão e um apelo à reconexão com as raízes africanas.