Caso Bipolar (part. Dinho Ouro Preto)

Tensão e desejo em “Caso Bipolar (part. Dinho Ouro Preto)”

Em “Caso Bipolar (part. Dinho Ouro Preto)”, do Strike, o dueto encena a atração e a repulsa de um casal, com vozes que se alternam como humores em choque. “Bipolar” aqui é figura de linguagem para altos e baixos, não diagnóstico, oscilando de “meu ponto de paz” a “meu inferno astral”. A parceria, nascida de encontros em festivais e registrada no clipe de estúdio com clima leve, reforça a ideia de ciclos — em sintonia com o EP Fênix — nos quais tudo termina no ciúme e recomeça na recaída.

A narrativa mostra um jogo de poder: ela surta, “joga nossa história fora” e decreta o fim; quando ele tenta desapegar, ela “volta implorar” e ele, “no impulso”, cede. O refrão expõe a contradição — “ama me odiar/odeia me amar” — enquanto o narrador finge controle (“eu não vou deixar”) mas admite que faz “do jeito que ela quer”. As imagens “sonho de consumo” e “califórnia dream” (sonho californiano) sublinham a idealização pop, em contraste com “meu alvo de sequestro” e “ela é quem resgata o que há melhor em mim”, que revelam ambivalência: ele fantasia dominar, mas é capturado e salvo por ela. No cotidiano, um “WhatsApp” dela faz a base tremer; a mensagem pode ser “lapso de afeto” ou “ápice de TPM”, com carinho e irritação na mesma conversa. “Ela não é de mandar nude, ela chega e faz” soma desejo ao caos, e o choque “rouba minha vibe/paz” versus “ponto de paz” condensa o vai e volta. No final, “agora não te deixo ir” só inverte o pêndulo: “impossível resolver o que ela complicar”. Essa química tensa, visível no estúdio com Dinho Ouro Preto, dá o apelo rockeiro da faixa.