Turtles All The Way Down

Reflexão existencial e compaixão em "Turtles All The Way Down"

"Turtles All The Way Down", de Sturgill Simpson, utiliza experiências psicodélicas e encontros com figuras religiosas para questionar certezas absolutas e dogmas, tanto espirituais quanto existenciais. O título faz referência à ideia filosófica do regresso infinito, sugerindo que as respostas para as grandes questões da vida são sempre substituídas por novas perguntas, sem um ponto final definitivo. Isso aparece na letra quando Simpson narra encontros com Jesus, o diabo e Buda, mostrando que diferentes crenças e experiências podem coexistir e que nenhuma detém a verdade absoluta. No verso “But I swear that God is there / Every time I glare in the eyes of my best friend” (Mas eu juro que Deus está lá / Toda vez que olho nos olhos do meu melhor amigo), ele sugere que o divino pode ser encontrado nas relações humanas, não apenas nas doutrinas tradicionais.

A menção a substâncias como maconha, LSD, psilocibina e DMT vai além da busca por transcendência, funcionando também como crítica à criminalização dessas experiências, como no verso “Tell me how you make illegal / Something that we all make in our brain” (Me diga como você torna ilegal / Algo que todos nós produzimos em nosso cérebro). Simpson mostra como essas substâncias alteram a percepção, mas reforça que, apesar de todas as viagens e visões, “love's the only thing that ever saved my life” (o amor é a única coisa que já salvou minha vida). Isso se conecta à declaração do artista de que a música é, acima de tudo, sobre compaixão e respeito. Ao afirmar “It's turtles all the way down the line” (São tartarugas até o fim da linha), ele reconhece a busca interminável por sentido, sugerindo que cada um deve trilhar seu próprio caminho, sem se apegar a verdades únicas. O tom reflexivo e psicodélico da canção convida o ouvinte a abraçar a incerteza e valorizar o amor e a empatia acima de dogmas.