A Mais Bela

Vaidade e poder em "A Mais Bela" de Sylvia Salustti

"A Mais Bela", interpretada por Sylvia Salustti, explora de forma clara a relação entre vaidade, poder e ambição, inspirada no vilão Professor Ratigan do filme "As Peripécias do Ratinho Detetive". Logo no início, versos como “Coisa bela que é reinar / Só a coroa confere poder” mostram que a personagem vê beleza e autoridade como fontes legítimas de domínio. A letra reforça a ideia de que o poder pertence a quem se destaca, seja pela aparência ou pela inteligência, e usa frases como “vou tomar logo o lugar / que foi sempre meu” para expressar uma autoconfiança típica de figuras narcisistas e autoritárias.

A versão brasileira mantém o espírito do original, mas a interpretação de Sylvia Salustti destaca ainda mais a autoconfiança e o desprezo da personagem por qualquer oposição. Isso fica evidente em “Não se vence com bondade / Não se vence sem lutar / Quem manda aqui / É a vilã daqui / Que vai triunfar”, onde a música rejeita valores tradicionais como bondade e exalta a vitória a qualquer custo. A canção também ironiza o conceito de beleza interior em “Dizem sempre que o certo é / Deixar a beleza de dentro brilhar / Se alguém pensa isso / Que pare já”, deixando claro que, para a personagem, apenas atributos externos e materiais – como “ouro, joias e anéis” – representam poder real. A ausência de compaixão, expressa em “Eu não tenho coração / Como percebeu”, reforça o retrato de uma vilã movida por vaidade e ambição, tornando a música uma crítica direta e satírica a esses valores.