Holy Mountains

Dor e resistência histórica em “Holy Mountains” do System Of A Down

Em “Holy Mountains”, o System Of A Down transforma a dor coletiva do genocídio armênio em uma denúncia direta e carregada de indignação. O uso repetido de palavras como “Liar! Killer! Demon!” (Mentiroso! Assassino! Demônio!) e, mais adiante, “Honor! Murderer! Sodomizer!” (Honra! Assassino! Sodomita!) expõe os responsáveis pelo massacre e transmite o peso emocional da raiva e do luto de um povo marcado pela violência e pela negação histórica. O Monte Ararat, citado indiretamente como as “Holy Mountains”, representa a terra sagrada perdida, enquanto a menção ao “River Aras” reforça o desejo de retorno às origens e à identidade armênia, temas centrais para quem sobreviveu ao exílio forçado.

A atmosfera sombria da música é intensificada pela repetição de “Freedom” (Liberdade) e “We’re free” (Estamos livres), que, no contexto do genocídio, soam irônicas ou como um grito de resistência diante da opressão. A frase “Someone’s mouth said: Paint them all red” (Alguém disse: Pinte todos de vermelho) faz referência explícita à ordem de massacre, usando a cor vermelha como símbolo do sangue derramado. O trecho “They have all returned, resting on the mountain side” (Todos retornaram, descansando na encosta da montanha) pode ser interpretado como uma homenagem aos mortos, sugerindo que, mesmo após a tragédia, a memória dos que se foram permanece viva nas montanhas sagradas. Ao trazer essas referências históricas e culturais para a letra, o System Of A Down não só denuncia o passado, mas também busca educar e sensibilizar o público sobre a importância do reconhecimento do genocídio armênio.