Joni (feat. Don Toliver)

Reflexões sobre amadurecimento e afeto em “Joni (feat. Don Toliver)”

“Joni (feat. Don Toliver)”, de SZA, utiliza imagens como o fim do verão e a maré baixa para transmitir nostalgia, sensação de perda e a busca por conforto familiar. No verso “Summer's over / And the money gone, I miss my mama when the tide is low” (“O verão acabou / E o dinheiro se foi, sinto falta da minha mãe quando a maré está baixa”), a saudade da mãe surge em momentos de vulnerabilidade, mostrando como mudanças externas e a passagem do tempo intensificam a necessidade de apoio emocional. A menção à lua que “nos encurrala para a água” reforça a ideia de ciclos naturais e inevitáveis, sugerindo que somos atraídos por situações e sentimentos fora do nosso controle.

O refrão “If the money right, is the pussy good?” (“Se o dinheiro está certo, o sexo é bom?”) faz uma crítica direta à superficialidade das relações baseadas em interesses materiais, questionando o valor do afeto condicionado ao dinheiro. Esse trecho também aborda a objetificação feminina e a pressão social para corresponder a expectativas em troca de segurança financeira. Em contraste, versos como “I keep it tight for the right one / Save it all for the right one” (“Eu me guardo para a pessoa certa / Guardo tudo para a pessoa certa”) revelam o desejo de autenticidade e reciprocidade nos relacionamentos. A participação de Don Toliver amplia a visão sobre altos e baixos emocionais, solidão e esperança de reviver momentos significativos, como em “We spend the night and kept it tidy / I'm so ready for many more, many more times” (“Passamos a noite juntos e mantivemos tudo em ordem / Estou pronto para muitas, muitas outras vezes”).

A sonoridade folk-pop, marcada pelo sample de “Angeles” de Elliott Smith, reforça o clima introspectivo e melancólico da faixa. Expressões como “I can't stop till my shit shine” (“Não vou parar até que tudo brilhe”) e “Time waits for nary man” (“O tempo não espera por ninguém”) evidenciam a urgência de buscar realização pessoal diante das incertezas e arrependimentos. “Joni” se destaca por equilibrar vulnerabilidade e crítica social, explorando a complexidade dos sentimentos diante do amadurecimento, das relações e das expectativas da vida adulta.