Último Trago

Eu tenho a impressão
Que pessoas são só o que elas são
Por retaliação e medo de um chão
Invisível que pode cair
Enquanto elas dão o último suspiro

Que comece o show de horrores
De um lado seus medos e seus caçadores
Demônios de peito aberto pra devorar sonhos
E monstros bem piores que matam seus demônios

E por isso eu acendo
E dou mais um trago
O cheiro das cinzas
Disfarça o passado

E por isso eu acendo
E dou mais um trago
O cheiro das cinzas
Disfarça o passado

Mas o que passou não passa de verdade
Ele fica inerte dentro do peito
De uma criança covarde
Sedenta por vingança contra o medo que criou
Sedenta por saber o desfecho em vida
Daquele que os matou

E tudo bem dizer
Quem quiser tem que te entender
Pro seu bem querer, mal te quer
Vão me compreender
Eu te odeio, mas o fato é: Te amo como amigo
Ironia não passou de um presságio

Como dito, meu futuro disse um dia
Que ele seria demais
Vivi olhando pro passado e tropecei (não mais)

E por isso eu acendo
E dou mais um trago
O cheiro das cinzas
Disfarça o passado

E por isso eu acendo
E dou mais um trago
O cheiro das cinzas
Aceito o contrato
Trato feito

Tão frio e a nevasca não para por aqui
Não chore, amigo, vem brincar
Acho que esse é só um destino

E por isso eu acendo (em um segundo me mata)
E dou mais um trago (passado maltrata)
O cheiro das cinzas (presente me enoja)
Disfarça o passado (e tão cedo vou embora)

E por isso eu acendo
E dou mais um trago
O cheiro das cinzas
Disfarça o passado