My Old Ways

Ciclo de recaídas e autossabotagem em “My Old Ways”

Em “My Old Ways”, do Tame Impala, a repetição do verso “Back into my old ways again” (“De volta aos meus velhos hábitos de novo”) destaca a dificuldade de romper com padrões autodestrutivos. A letra, direta e confessional, reflete um ciclo de recaídas que parece inevitável, mesmo diante de tentativas sinceras de mudança. O contexto da cultura rave australiana e da cena eletrônica, presentes na sonoridade e nas referências do álbum "Deadbeat", reforça a ligação do eu lírico com ambientes de excessos e tentações, tornando a luta contra os próprios impulsos ainda mais intensa.

A música explora o conflito entre autocrítica e autoindulgência. Em trechos como “I tell myself I'm only human” (“Eu digo a mim mesmo que sou apenas humano”) e “Thought I would never go back but just this once / A little present for holding out so long” (“Achei que nunca voltaria, mas só desta vez / Um pequeno presente por ter resistido tanto tempo”), o personagem reconhece suas falhas, tenta se perdoar, mas acaba cedendo como forma de compensação. O verso “Ego's coming / Should be stopping / Ego's nothing” (“O ego está vindo / Deveria parar / O ego não é nada”) evidencia a batalha interna contra o orgulho e a percepção de que o ego não traz satisfação real. O refrão repetitivo e a sensação de perda de controle, expressa em “I'm sliding powerless as I descend” (“Estou escorregando, impotente, enquanto desço”), reforçam a honestidade do tema: romper com velhos hábitos é um desafio constante, marcado por culpa, autossabotagem e a busca por redenção.