Camelos (Desde 1913)

Humor e ironia em "Camelos (Desde 1913)" do Tangolo Mangos

Em "Camelos (Desde 1913)", do Tangolo Mangos, a repetição da frase “esses camelos ainda vão me matar” serve como um refrão irônico, misturando humor e resignação diante de situações que fogem ao controle. Os camelos, conhecidos por sua resistência e capacidade de atravessar desertos, funcionam como metáfora para desafios persistentes ou vícios que acompanham o narrador. Expressões como “ative uma corcova” e “suas corcovas ajudam a subir” reforçam essa ideia, sugerindo que esses obstáculos, apesar de difíceis, também impulsionam o personagem a seguir em frente.

A letra brinca com imagens surreais e duplos sentidos, característica marcante do Tangolo Mangos, que mistura psicodelia com elementos regionais. Referências ao “magnetismo” que pode “dar defeito” e à visão “conturbada” apontam para estados alterados de percepção, seja por influência de substâncias, emoções ou situações confusas. O verso “puxe no seu filtro vermelho” sugere o ato de fumar, conectando-se ao tom descontraído e irônico da música. Já cenas como “o cano da escopeta foi serrado” e “ela tirou balas da bolsa” misturam perigo e sedução, sugerindo relações arriscadas ou escolhas impulsivas, sempre com leveza e distanciamento.

No final, a diferença entre dromedários e camelos (“dromedários são o álibi / mas só os camelos me levam daqui”) reforça que, apesar das desculpas ou alternativas, são os próprios desafios recorrentes que conduzem o narrador. O tom de constante movimento e falta de destino certo completa a atmosfera leve e irônica, típica do estilo experimental da banda.