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Vaidade

Tanlan

Sou a criança que chorou logo ao nascer
O velho homem que morreu sem perceber
Eu sou o pó que se levanta de manhã e à noite, se foi

Sou a vontade incontrolável de chorar
A liberdade indesejável de errar
Eu sou um pouco menos do que eu quero
E muito mais do que não

Sou o desejo incorrigível de sorrir
A busca tão indiscutível por sentir
Um incompleto irresponsável
Pronto pra te dizer sim

Um hábito inútil, sem sentido, um vapor
Um indiscreto transitório, um louco sem pudor

Mas a vida ainda vale a pena
A vida ainda vale a pena

Eu sou o livro cuja capa não se pode ler
A dor e toda graça do que é viver
Eu sou o que sobrou de uma lembrança
A arrogância de ser

Sou egoísta e tento te dizer que não
O meu cinismo só revela a omissão
De quem assiste a um desfile triste
Um clichê em vão

A vaidade das vaidades, um vazio sem fim
A busca da realidade é o que me trouxe aqui

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