Feia

Humor ácido e crítica social em “Feia” da Tara Perdida

A música “Feia”, da Tara Perdida, utiliza humor irônico e sinceridade desconcertante para abordar julgamentos superficiais e padrões de beleza. A letra narra o encontro com uma mulher considerada “muita, muita feia”, expondo não só o preconceito dos personagens, mas também ironizando a postura deles, que, sem opções melhores após o fechamento dos bares, acabam confrontando suas próprias expectativas medíocres. O refrão repetitivo — “És mesmo muita, muita feia / Não sei p’ra quê tanta peneira” — reforça o tom de deboche, criticando tanto a vaidade quanto a superficialidade, tanto da mulher quanto dos próprios narradores.

O contexto do punk rock português dos anos 90, conhecido por letras diretas e irreverentes, é essencial para entender a abordagem da banda. Tara Perdida usa a situação embaraçosa descrita na letra para satirizar o comportamento masculino em ambientes noturnos e questionar os padrões de beleza impostos pela sociedade. O uso do nome “Maria Oliveira” como personagem reforça a ideia de que qualquer pessoa pode ser alvo desse tipo de julgamento. Ao final, a música diverte pelo exagero e ironia, mas também provoca reflexão sobre o valor dado à aparência e o ridículo dos próprios julgadores.