Diretoria

Afirmação e resistência periférica em “Diretoria” de Tasha & Tracie

O título “Diretoria” carrega múltiplos significados na música de Tasha & Tracie. Além de homenagear MC Primo, artista assassinado na Baixada Santista, o termo remete à liderança das escolas de samba, símbolos de resistência e protagonismo negro nas periferias. Essa escolha reforça a postura confiante das artistas, que rejeitam a submissão e celebram conquistas pessoais e coletivas. Isso fica claro em versos como “Nunca vai me achar onde me deixou / Sempre em movimento eu sigo” e “Sempre ajo como a dona do lugar / Foda-se os incomodado”, que expressam autonomia e orgulho de suas trajetórias.

A letra mistura gírias, referências à cultura de favela e elementos do funk e rap para construir uma narrativa de ascensão e empoderamento. Trechos como “ITFAVELA, Adidas é o tênis / Minha casa é pequena, mas tem uma mansão na sua mente” mostram o orgulho das origens e a capacidade de ocupar espaços de destaque, mesmo com limitações materiais. O refrão “Niggaas ain't shit / Prefiro ficar rica / Sempre de olho no lucro / Nós não corre atrás de pica” (Negros não valem nada / Prefiro ficar rica / Sempre de olho no lucro / Nós não corremos atrás de homem) deixa clara a recusa em se submeter a relações abusivas, priorizando independência financeira e autocuidado. Versos como “Oi pede, pede, implora pra mim / Pra mim sentar só um pouquinho” e “A nova moda é o docinho” misturam sensualidade e ironia, reforçando o controle das artistas sobre sua narrativa e sexualidade. Assim, “Diretoria” se destaca como um hino de resistência, orgulho e celebração da cultura periférica, mostrando que o poder está nas mãos de quem sempre foi subestimado.