Pōseïdøn

Luto e saudade familiar em “Pōseïdøn” de Tayc

Em “Pōseïdøn”, Tayc transforma a perda de seu irmão Kevin em uma narrativa marcada por referências mitológicas, usando Poseidon como símbolo do mar que levou seu ente querido. Ao invocar o deus grego, o artista atribui ao mar uma força incontrolável e quase divina, tornando a tragédia pessoal ainda mais impactante. O nome "Kevin" é repetido ao longo da música, reforçando a intensidade da saudade e a dificuldade de aceitar a ausência, que se torna um vazio constante na vida de Tayc e de sua família.

A letra alterna entre desabafo e busca por explicações, como no verso “Poseidon, if you hear me, I curse you” (Poseidon, se você me ouve, eu te amaldiçoo), onde Tayc expressa raiva e impotência diante do destino. O mar, representado por Poseidon, é descrito como cruel: “Les vagues se sont déchaînées, elles m'ont pris mon frère / L'océan nous a laissé comme un goût amer” (“As ondas se enfureceram, elas levaram meu irmão / O oceano nos deixou com um gosto amargo”). O apelo para que Kevin responda, tanto para ele quanto para a mãe, mostra o impacto coletivo da perda. O trecho “J'ai supplié le ciel de retourner en arrière / Juste pour te dire n'y va pas” (“Supliquei ao céu para voltar no tempo / Só para te dizer para não ir”) revela o desejo de evitar a tragédia, enquanto as lembranças do sorriso de Kevin e a promessa feita à mãe reforçam a saudade dos pequenos gestos do dia a dia.

No final, a música se torna uma homenagem e uma promessa: “I will live with the memories of knowing that I had a little brother / And I tried to help him in everywhere I could” (“Vou viver com as lembranças de saber que tive um irmão mais novo / E tentei ajudá-lo em tudo que pude”). “Pōseïdøn” é um retrato sincero do luto, da fragilidade da vida e da busca por consolo nas memórias, mesmo diante de uma dor irreparável.