Julito Marana

A crítica social e o alerta em “Julito Marana” de Tego Calderón

“Julito Marana”, de Tego Calderón, utiliza a figura de Julito para retratar o ciclo autodestrutivo do crime nas periferias de Porto Rico. O personagem, apresentado como um "malandro" temido – “En el barrio le temen porque el tipo es un bravo” –, simboliza o respeito conquistado pelo medo, mas também serve de alerta sobre as consequências desse caminho. A trajetória de Julito, marcada pela arrogância e violência, termina de forma trágica, mostrando que esse tipo de vida leva, inevitavelmente, a um fim precoce.

A música deixa claro que Julito é um personagem fictício criado para representar o estilo de vida perigoso e a sensação de impunidade comum em comunidades urbanas. Isso aparece em versos como “ni los estatales, ni arrestos especiales y federales le encuentran causa en los tribunales” (nem a polícia estadual, nem operações especiais e federais conseguem incriminá-lo nos tribunais), mostrando como Julito consegue escapar da justiça. No entanto, a letra revela que esse poder é ilusório: ao tentar manter sua reputação e continuar no crime, Julito acaba morto por alguém que ele mesmo prejudicou, como no trecho “murió Julito por brabucon” (Julito morreu por ser valentão). A canção termina com um conselho direto: “camina derecho gladiador, que el abuso no es bueno y la humildad prevalece” (ande certo, guerreiro, o abuso não é bom e a humildade prevalece), reforçando a crítica social e incentivando escolhas mais honestas. O uso de gírias e expressões locais aproxima a narrativa da realidade das ruas, tornando a mensagem ainda mais forte para quem vive esse contexto.