Aguateiro

Tradição e identidade gaúcha em "Aguateiro" de Telmo de Lima Freitas

Em "Aguateiro", Telmo de Lima Freitas retrata a rotina do trabalho no saladeiro como um processo de formação de caráter e afirmação da identidade regional gaúcha. A letra descreve tarefas como "lavando pata de boi" e mostra a evolução do personagem, que começa como aguateiro e chega a carneador. Esse percurso evidencia não só a dureza do ambiente das charqueadas, mas também o valor do aprendizado prático e da tradição transmitida entre gerações. O contexto histórico do saladeiro, responsável pela produção de charque para exportação, aparece no verso “ajudei muito ingleses, muitas vezes, a encher libras ruins”, destacando a relação entre o trabalho local e a economia global, além da presença estrangeira no cotidiano do Rio Grande do Sul.

A música é marcada por um tom nostálgico, especialmente quando o narrador relembra a infância e juventude: “madrugada movimento, de matança, eu criança e serviçal”. A linguagem direta aproxima o ouvinte da experiência real, enquanto a repetição de “sou um homem da charqueada faca afiada pra defender meus ideais” reforça a identidade construída pelo trabalho e pela tradição. O verso “aprendi a ser brasileiro, meu parceiro, sem desfazer nos demais” revela um orgulho regional que respeita as diferenças e valoriza o sentimento nacional. Ao dialogar com o “saladeiro, companheiro, dos meus tempos de guri”, o personagem expressa saudade e reconhece as mudanças do tempo, ressaltando a importância da memória e da herança cultural gaúcha.