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Letra

    O mais ventena dos potros
    Vem chegando embuçalado
    Não nega o pelo bragado
    O olho de porco tatete
    Por mais que leve porrete
    O diabo não se aquebranta
    Brandeia, berra e se espanta
    Só pra tirar o ginete

    Todos conhecem a fama
    Do cavalo marca viola
    Que recebeu como escola
    O pampa que foi criado
    De pelo meio arrepiado
    Com jeito de songa-monga
    No grito de meta e ponga
    Pede que surrem cruzado

    Mas no segundo mangaço
    Credo em cruz, Nossa Senhora!
    Sai berrando campo fora
    Como a dizer palavrão
    Mais parecendo um tufão
    Se endireita velhaqueando
    E continua berrando
    Tirando lascas do chão

    Oh! Sargo, metido a bicho
    Criado no Canto Feio
    Crucificado de arreio
    E serviço de mangueira
    De segunda a sexta-feira
    De sexta-feira a segunda
    Continua o boca-funda
    Respeitado na fronteira

    Contam até que uma feita
    Chegou na estância uma china
    Gaudéria, meia teatina
    Filha da Ilha Quadrada
    Pedindo por uma olada
    No lombo do mais ventena
    Pra retalhar a chilena
    Por troco de quage nada

    Foi uma farra daquelas
    Quando a potrada chegava
    O bragado refugava
    Tapado de rebeldia
    E a dita cuja trazia
    Uma chilena travada
    E um mango de dar bordoada
    Como o veiaco pedia

    Estendeu no parapeito
    O velho recau de doma
    E num tranco de paloma
    Entreverou pra mangueira
    O bragado, uma besteira
    Aos berros atropelando
    E a dita cuja gritando
    - “Vai te golpeando, lezera. ”

    Bragado, manso de baixo
    Se deixou embuçalá
    Não precisou nem golpeá
    Se precisasse golpeava
    E sentiu quem lhe apertava
    Bem no meio da barriga
    Era alguma rapariga
    Que nem o diabo quebrava

    Tudo pronto, bamo embora
    E saiu num contrapasso
    Pedindo por um mangaço
    Pra continuar a função
    O bragado fanfarrão
    Arrancou meio apurado
    E aqueles ferros travados
    Cumprindo sua missão

    De quando em vez dava um grito
    Pra não perder o cacoete
    E o trovejar de porrete
    Não dava folga ao bragado
    Já quage meio aplastado
    Marca e paleta em ferida
    E a mala bruja bandida
    Surrando sempre cruzado

    Veio a tarde, veio a noite
    Despôs veio a madrugada
    A noite boca fechada
    Num negror de fazer medo
    O Zé Grande bicharedo
    Domador dos mais antigos
    Adivinhava perigos
    Nos campos da Estância Nova
    - “Os dois vão pra mesma cova
    Por se tornarem amigos... ”


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